sexta-feira, 1 de agosto de 2014

- Devocional do dia 01/08/2014 -

 
"Dize-me, ó amado de minha alma: onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes repousar pelo meio-dia?" (Ct 1.7.)

Nós temos negligenciado a arte de repousar pelo meio-dia. Muitos cristãos estão sucumbindo aos pesos da vida porque se esquecem de repousar. O que nos mata é essa torrente contínua da vida, essa constante uniformidade.

Não devemos ver o descanso somente como um fortalecimento para o enfermo, mas também como um tônico para os que são fortes. Ele lembra libertação, esclarecimento e transformação. Impede que nos tornemos escravos de nossas obras, até mesmo das boas obras.

Certa ocasião um naturalista de Cambridge falou-me de uma experiência que realizou com um pombo. A ave nascera e vivera numa gaiola; nunca havia saído dela. Um dia, esse homem a levou para a varanda de sua casa e a atirou para o alto. Para sua surpresa, constatou que o pássaro tinha perfeita condições de voar. E ele deu várias voltas por ali, dando a impressão de que nascera voando. Daí a pouco, porém, seu vôo parecia haver se tornado pesado, os movimentos, espasmódicos, e as voltas, cada vez menores. Por fim, o pombo veio em direção ao dono, bateu de encontro ao seu peito e caiu ao chão. Qual a razão disso? A razão era que, embora ele houvesse nascido com o instinto de voar, não aprendera a parar. A capacidade de parar era adquirida, e não instintiva. Se a ave não tivesse se atirado contra o peito dele para parar subitamente, teria continuado voando até morrer de cansaço.

Isso é uma figura da vida moderna. Nossa sociedade parece possuir o instinto da atividade, mas não possui a capacidade de parar. Ficamos dando voltas e mais voltas, num circular incessante e cansativo, até quase morrer ainda em alta velocidade. Então qualquer experiência difícil, qualquer choque que sofremos, que sirva para deter nosso giro constante, na verdade, é uma benção. Muitas vezes, Deus aplica um severo golpe em alguém com o objetivo de fazê-lo parar. Essa pessoa cai aos pés dele, em desespero. E o Senhor se inclina para ela e lhe diz: "Aquieta-te e sabe que sou Deus!"
Então, pouco a pouco, o desespero causado pelo problema se transforma em submissão e obediência. Assim, aquela vida que estava como que bruxuleando se fortalece e pode tornar a voar.

Quando pressionado por tarefas intermináveis e prementes, desejas fugir para longe e repousar, mas não podes, embora mereças uma folga, descansa onde estás.

Abandona o que é desnecessário e santifica o resto. Age sem estresse e sem tensões. E com um espírito tranquilo e controlado, descansa onde estás.

Não é em situações, nem restrições ou livramentos, nem mesmo nas paisagens próximas ou distantes, mas em nós mesmos, que se encontra a paz ou a inquietação. Descansa onde estás.

Onde a alma está, também está Deus. Nenhuma sombra pode empanar o dia e o mundo que lhe pertencem. Suas noites estreladas são barracas que ele desfraldou. Descansa onde estás.

Será que faz tanto tempo que não andamos pelo caminho que nos leva ao "descanso" que ele agora se acha coberto de mato?

- Extraído do Livro: "Fontes no Vale" de Lettie Cowman

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