quinta-feira, 22 de agosto de 2013

- Maria no Novo Testamento *Terceira Parte -



Terceira Parte:


Em Mateus, Maria aparece pela primeira vez na genealogia (1.16). Legalmente, Jesus é da linhagem de Davi através de José, mas Maria é seu único progenitor humano. Tanto Mateus quanto Lucas nos dizem que aconteceu um milagre com Maria e em Maria, que levou à concepção de Jesus. A história não é contada como as histórias pagãs, nas quais um deus se relaciona com uma mulher humana, pois não há intercurso sexual envolvido. Jesus é um presente dado a Maria por meio de um milagre. Lucas explica isso mais claramente dizendo que o Espírito Santo envolveria Maria com sua sombra. Maria é mostrada como agente da providencial dádiva da salvação de Deus.

O objetivo de Mateus 1.18 é deixar claro que Deus é responsável pela criança, embora José tenha suas dúvidas. O versículo também deixa evidente que Maria é parte de um sistema que envolvia jovens adolescentes comprometidos um com o outro num casamento arranjado. Maria é mostrada, então, como alguém que cumpre um papel que seria uma honra para qualquer moça judia: ter o Messias como filho primogênito. Por meio de Maria, o destino nacional de Israel é consumado. Mateus 1.20 deixa evidente que Maria e seu filho devem ser respeitados como dádivas de Deus. E, já que a criança é um presente de Deus, é ele que dá nome ao menino — Jesus. Mateus 1.25 afirma, da maneira mais clara possível, que, após o nascimento de Jesus, José “conheceu” sua mulher, no sentido bíblico.
É interessante que, na história dos magos, em Mateus 2.11, somente Maria é mencionada, o que provavelmente se deve à íntima ligação da mãe com seu bebê, que, presumivelmente, ainda mamava. A história, como é contada, sugere que ela presenciou a primeira vez em que Jesus foi adorado, em toda a história humana, e recebeu os presentes que os magos tinham levado para Jesus.
É bom destacar que as instruções dadas a José nessas histórias da natividade presumem a natureza patriarcal da situação e seu papel como chefe da família: ele deve receber Maria como sua mulher (1.20); ele deve levar a mãe e a criança para o Egito e permanecer lá até receber informação de que pode sair (2.13); por último, ele deve levá-los de volta a Israel (2.21). Maria é apenas uma cúmplice silenciosa de tudo isso.
Maria não aparece novamente na narrativa até Mateus 12.46-49. O autor poupa Maria, omitindo o versículo de Marcos que explica que ela e os irmãos de Jesus pensaram estar ele meio fora de seu juízo perfeito e foram buscá-lo. Porém, ele narra essa história dizendo apenas que eles foram falar com Jesus (sem mencionar o assunto). Mateus é mais explícito ao esclarecer que Jesus não apontou nenhum deles, mas sim para seus discípulos, ao dizer: “Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?”. Também é interessante que nem Mateus nem Marcos dizem qual foi a reação da família depois que ele fez essa observação. No entanto, registram as palavras de Jesus dizendo que seus discípulos são sua mãe, irmão e irmã.
A última história que menciona Maria em Mateus é a narrativa da pregação de Jesus em sua própria terra, como em Marcos. Entretanto, o modo como Mateus 13.53-57 se refere a Maria é um pouco menos rude. A pergunta “Sua mãe não se chama Maria?”, que teria sido feita pela multidão, é potencialmente menos ofensiva que: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria?”. Assim como no relato de Marcos, Maria desaparece completamente da história nesse ponto. Ela não é retratada como figura importante durante o ministério de Jesus, mas, ao contrário do que ocorre em Marcos, é narrado pelo menos seu papel crucial no início da vida de Jesus.

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