quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

- O pródigo que ficou em casa. Lc 15.25-27 -


"Ora, o filho mais velho estivera no campo; e quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo" Lc 15.25-27

   É aqui que a trama da parábola do filho pródigo engrossa. A localização da história de Jesus torna evidente que independente de quanto é comovente a saga do filho mais novo, o filho mais velho é o verdadeiro foco da parábola. Foi dito como resposta a acusação orgulhosa da elite religiosa judia de que Jesus impôs o seu verdadeiro caráter através da sua companhia - "pecadores" notórios e ladrões. A sua acusação na verdade  fez mais em revelar o seu próprio orgulho hipócrita e sem piedade do que qualquer falha no Senhor, um fato que não era provável que reparassem. E foi da preocupação por eles, não pelos "pecadores" desprezados, que esta grande parábola surgiu - uma história de um filho esbanjador, um pai de coração partido e um irmão que se recusou a se reconciliar com qualquer um deles. Como poderiam não ser tocados por esta história comovente a respeito do amor de um pai por um filho desviado e a sua alegria com a recuperação dese filho? Não eram pais também? Não seria isso que eles teriam feito?

   O filho mais velho, de início não tem um papel grande na história. Quando seu pai, a pedido de seu irmão, divide os seus pertences, ele simplesmente recebe dois terços da riqueza do seu pai que era, como primogênito, dele de direito (Dt 21.17). Se ele compartilhou a dor do seu pai com a partida repentina do seu irmão ou o seu anseio por ele durante a sua ausência, não nos contaram. Ele estava cuidando dos negócios na fazenda. Enquanto o seu irmão tolo estava gastando muito dinheiro numa rebeldia grande, ele era a alma da industria, ele era respeitável e responsável. O seu irmão era sem valor, sem perdão. Ele era com, seu irmão era mal. Em contraste, o irmão mais velho encontrou seu sentido e seu valor, foi o que tornou seu mundo ordenado e lhe deu sentido.

   Mas agora repentinamente acaba toda esta ordem. O seu irmão esbanjador voltou; não para a vergonha, como certamente merecia, mas para música e danças! A raiva do irmão mais velho estava muito forte diante de tal injustiça. Para a sua diligência e fidelidade, não havia tido nenhuma comemoração nem festividades, nem um cabrito! Mas agora para este jovem imoral e sem valor, uma alegria extasiada! Era completamente errado!

   O convite do seu pai para entrar e se ajuntar e comemorar a volta de seu irmão, era uma total estupidez. Para ele, o seu pai era tão rolo quanto seu irmão, era um libertino, era uma violação de tudo que era justo e correto e ele não chegaria perto de tal insanidade. Com sua reação ele não só demonstra o seu desprezo por seu irmão que esteve desviado, mas também pelo seu pai, que sempre havia sido fiel. Para o homem que lhe criou e lhe deu tudo o que  possuía não havia nem respeito nem compaixão. A sua auto-justiça orgulhosa ("sem jamais transgredir uma ordem") e ambição para si mesmo se mostram de forma crua. Era uma cena feia; e era isso que Jesus queria mostrar.

   O homem que ficou em casa era tão pródigo quanto seu irmão mais novo. Ele havia vivido todo este tempo comendo as espigas secas da auto-justiça, enquanto, como seu pai o lembro, "tudo o que é meu é teu". Não era por merecer que ele teria toda esta abundância, mas pelo amor do seu pai. Tudo que ele precisava era ter pedido.

   Esta grande parábola é a imagem de duas figuras: Deus na sua grande bondade e misericórdia e o fariseu na sua miserável mesquinhez espiritual. Como o irmão mais velho, o Fariseu não servia a Deus porque o amava, mas porque trouxe a ele um sentido incrível de superioridade pessoal. Ele era desprezivelmente pobre no seu merecimento imaginário, quando ele poderia ser rico pela graça de Deus. Como o irmão mais velho via o seu irmão mais novo, os fariseus olhavam com desprezo os "pecadores" socialmente desprezados e jamais viam a sua própria pobreza espiritual. A verdade é que eram, de longe, piores que os publicanos e "pecadores" com os quais acusavam Jesus porque aqueles excluídos frequentemente reconheciam o seu estado pecador - algo de que nenhum Fariseu com respeito próprio seria culpado - assim como uma vez Jesus lhes disse, "publicanos e meretrizes vos procedem no reino de Deus" (Mt 21.31), porém, mesmo assim, Deus os ama, e pede a eles que venham para a festa, que Pai maravilhoso.

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